terça-feira, 18 de setembro de 2018

Discurso de Boas Vindas à Prof.ª Dr,ª Ester Abreu, proferido pelo prof.º Dr.º Santinho Ferreira, na Cerimônia de concessão do título de Professora Emérita, pela UFES


Magnífico Reitor e Presidente do Conselho Univeresitário, Professor Dr. REINALDO CENTODUCATTE
Excelentíssima Vice-Reitora, Profª Drª ETHEL LEONOR NOIA MACIEL
Ilustríssima Presidente do Conselho de Curadores, Profª Drª SÔNIA MARIA COSTA BARRETO
Ilustríssimos componentes do Conselho Universitário,  Autoridades acadêmicas, Autoridades administrativas, professores, estudantes, familiares e convidados
Em especial, Ilustríssima Senhora Professora Drª Ester Abreu Vieira de Oliveira.



Divido com os presentes esta nota preliminar: esta história é resultado de escrita em quatro mãos. Meus agradecimentos a Mirtis Caser, a Jorge Nascimento e a Paulo Sodré, que continuam a expressar comigo a expectativa e o agradecimento pela concessão do título de Professor Emérito a Ester Abreu Vieira de Oliveira.
E o que a caracteriza e institui como mulher de destaque é senão agradecimento em cada gesto que acolhe e em cada olhar de oferta, movimentos de determinação e coragem, de entusiasmo e vigor.
Nesse movimento, celebra e agradece, conjugando a decisão do que está expresso como ponto de encontro entre o título honorífico de Professora Emérita e o que se revela de sua história, com começo em Muqui, aos 31 de janeiro de 1933, filha de Ataulfo Vieira de Almeida e Maria da Penha Abreu Vieira.
Graduou-se em Letras Neolatinas em 1960 nesta Universidade e obteve pós-   -doutorado em Filologia Espanhola: Teatro Contemporâneo na UNED – Espanha – em 2003. Professora nesta universidade, com vínculo em 1965, continua a bater com o rigor da forja seu compromisso com a educação, por estar em exercício pleno e voluntário junto ao Programa de Pós-Graduação em Letras, por ser membro da Academia Espírito-Santense de Letras, compor a Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, fazer parte do Instituto Geográfico do Espírito Santo, da Associação Brasileira de Hispanista e da Associação Internacional de Hispanista.
Falar com e sobre Ester de Oliveira é pensar em muitos anos de dedicação às hispanidades, à literatura, à educação, é olhar e ver trajetória de capacidade de trabalho e de argúcia intelectual. Essas categorias, no entanto, não excluem a  candura de quem sabe muito e possui generosidade. É também sentir da poesia fina que lhe emana, parte da erudição dissolvida na expressão popular e oferecida em qualquer parte do mundo onde esteja. No curso dessa história, Dom Quixote nos conduz:
Entre os pecados que os homens cometem, ainda que afirmam alguns que o maior de todos é a soberba, sustento eu que é a ingratidão, baseando-me no que se costuma dizer, que de mal agradecidos está o inferno cheio. Sempre procurei evitar esse pecado, tanto quanto me tem sido possível, desde que tive uso de razão, e se não posso pagar as boas obras que me fazem, com outras, ponho em seu lugar o desejo de as fazer; e quando isso não basta, publico-as, porque aquele que publica os favores que recebe, também os recompensaria com outros, se pudesse.
Conviver com Ester de Oliveira nos faz pensar também e especialmente em dois versos do poeta português José Gomes Ferreira: “Porque não nasci no mundo / que trago em mim?”. O poeta pergunta, para responder com a defesa entusiasmada da consagração de uma primavera de justiça entre os homens, de que nós hoje precisamos tanto, vivendo a crescente tormenta da intolerância, do desrespeito e do cinismo.    
Uma possibilidade de resposta de Ester de Oliveira é o que percebemos no que faz: sua atitude terna e sua ação decidida explicam que não nascemos no mundo que trazemos em nós, porque nenhum mundo sozinho é capaz de alguma coisa que valha efetivamente a pena e a vida. Cada ideia, cada projeto, cada realização de Ester de Oliveira requerem que sejamos mais que nós mesmos, que estejamos com outros, para que o mundo revele seu sentido diverso, plural, mutante, e saibamos de todos e percebamos que um parâmetro é muito pouco para a engrenagem maravilhosamente multifacetada do universo. Num calidoscópio em que figuram tantos valores, modelos, crenças, lógicas, num leque de inteligências e afetos em que tantos pensamentos e sentimentos procuram descortinar, prescrever, definir e separar formas diversas de se conhecer e passar pelo mundo, é necessário cuidado para não fazermos de nosso mundo próprio um arrogante e excludente paradigma.
Ester de Oliveira sempre procurou demonstrar que é preciso perceber, como professora e professor de língua e literatura e como cidadão e cidadã de um mundo tão contraditório, que diante das diversas e inumeráveis caligrafias que contornam o entendimento do mundo, não podemos nos escusar de nos orientar e sugerir às pessoas que se sensibilizem com a composição necessariamente plural de uma máquina do mundo ainda longe de ser compreendida e devidamente considerada. Esse é o desenho, e esse é o canto de Ester de Oliveira.
Entre as inúmeras qualidades da homenageada, destaca-se a sua generosidade intelectual. Ester de Oliveira tem sempre uma palavra, um título, uma ideia, um texto para todos os que buscam sua orientação, e, quanto mais divide, tantas e quantas alternativas lhe surgem.
Essa disponibilidade se traduz ainda na sua participação da colega nas diferentes esferas: os eventos acadêmicos, sociais, religiosos e familiares fazem parte de seu cotidiano, o que, associado à sua fantástica memória, faz de Ester de Oliveira uma mulher que está em dia com os acontecimentos. Este momento, portanto, é de celebração, porque prestar esta homenagem a Ester Abreu Vieira de Oliveira é ação singular, e receber o título de Professora Emérita é ato de honraria.
Ao Conselho Universitário e ao Reitor Professor Dr. Reinado Centoducatte nossos cumprimentos.

Aos 12 de setembro de

Santinho Ferreira de Souza
Maria Mirtis Caser
Jorge do Nascimento
Paulo Roberto Sodré





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