Maria Helena Teixeira de Siqueira, empresária e
escritora, nasceu em Porto Alegre (RS). Era Bacharel em Filosofia, na opção de
Letras Neolatinas, pela PUC do RJ, Bacharel em Ciências Jurídicas pela
Faculdade de Direito da Ufes, com Especialização em Direito Empresarial também
pela Ufes. Foi Professora de Português e Espanhol do Colégio Estadual de
Vitória (ES). Foi Professora de Português, Chefe do Departamento de Comunicação
e Expressão, Diretora Educacional e Chefe do Departamento de Pedagogia e Apoio
Didático da Escola Técnica Federal do Espírito Santo. Foi Diretora Executiva da
Fundação Jônice Tristão e Assessora da Presidência da Tristão Administração e
Participações S. A. (Vitória , ES). Foi membro da Academia Espírito-santense de
Letras, a qual presidiu no biênio 2000-2004. Foi, também, membro da Academia
Feminina Espírito-santense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do
Espírito Santo, da Associação de Imprensa e da Academia Cachoeirense de Letras
(ES). Recebeu título de Cidadã Honorária de Vitória e do Estado do Espírito Santo.
Participou em organização de coletâneas literárias e possui várias publicações,
no Brasil, de poemas e crônicas, em antologias literárias. Em 2006, lançou Janelas abertas, coletânea de crônicas e apreciações literárias, que, segundo o prefacista, o escritor
e acadêmico Aylton Rocha Bermudes, “embelezam e opulentam o panorama literário
espírito-santense”. Colaborou em revistas e jornais do Espírito Santo e de
Minas Gerais e foi cronista do Caderno Dois de A Gazeta (Vitória, ES). Publicou vários livros
de literatura juvenil, entre eles O gato que
desejava ser rato, primeiro livro publicado em papel
reciclado no Brasil, e Joaninha faceira, edição bilíngue (português e
espanhol).Faleceu em 20 de janeiro de 2010.
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
Sylvia Meirelles da Silva Santos
Sylvia Meirelles da Silva Santos nasceu em 25 de
abril de 1889 em Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, filha única de
Maria Hora de Oliveira e Justiniano Martins de Azambuja Meyrelles. Era chamada,
pelos íntimos, de Dona Santinha. Estudou, desde menina, no Colégio Nossa
Senhora Auxiliadora (Colégio do Carmo), colégio que, diante das dificuldades
dos primeiros tempos, socorreu, com a ajuda dos pais. Nessa instituição educacional,
ainda como aluna, elaborou peças curtas de teatro para as comemorações de fim de
ano, ou em homenagens a visitantes ilustres. Foi criadora do Hino de Despedida
do Colégio do Carmo, em 1911. Colaborou em jornais da época e escreveu
regularmente para o jornal O Repórter. Liderou o movimento do voto feminino, no Espírito Santo, na função
de Presidente da Federação Espírito-santense pelo Progresso Feminino, em
Vitória, nomeada que foi pela líder do feminismo no Brasil, Bertha Lutz. Foi, também,
precursora da defesa do direito e do dever do trabalho da mulher. Candidatou-se
a deputada estadual, obtendo expressiva votação. Era casada com Aristides da
Silva Santos, advogado, jornalista, poeta, membro do Instituto Histórico e
Geográfico do Espírito Santo e um dos fundadores da Faculdade de Direito do
Espírito Santo, de quem ficou viúva ainda muito jovem. Trabalhou ativamente
para a criação e manutenção, ao lado do marido, da Escola das Crianças
Descalças,
que funcionava na Loja Maçônica União e Progresso, na Cidade Alta.
Foi professora de francês, poeta, declamadora, ativista cultural e social.
Muitas de suas peças foram encenadas por colegas e alunos da Escola Normal
Pedro II. Faleceu em Vitória, em 19 de outubro de 1990, aos 101 anos de idade.
Ailsa Alves Santos
Ailsa
Alves Santos nasceu no município de Rio Novo do Sul, no Estado do Espírito Santo,
em 24 de junho de 1908. Formou-se, em Vitória, como Normalista, no Colégio do Carmo,
e lecionou na fazenda Rabelo, em Timbuí, município de Fundão, em Vargem Alta, em
Marechal Floriano e em Vitória, onde lecionou primeiro no Barro Vermelho e
depois em Jucutuquara, no Grupo Escolar Padre Anchieta, até aposentar-se.
Destacou-se, também, no trabalho em prol dos marginalizados pela sociedade e
atuou em instituições de caridade. Professora, trovadora e poeta publicou
vários de seus poemas em jornais da época. Escreveu textos para teatro infantil
e comemorações escolares. Faleceu em Vitória, em 12 de junho de 1970.
Adelina Tecla Correia Lyrio
Adelina Tecla Correia Lyrio (Mululo do
marido) nasceu em 1863, no Espírito Santo, filha do Coronel Joaquim Correia
Lyrio. Faleceu em 1938. Foi a primeira mulher capixaba a ver publicada, na
imprensa local, a sua produção literária. Desejou estudar Medicina, mas foi impedida
pelo forte preconceito da época. Na década de 1880, ela marcou presença nos jornais:
O Conservador, O
eco dos artistas, O
pirilampo, Província do
Espírito Santo, Jornal Sete de Setembro, A Folha de Vitória e Jornal Oficial. Educadora,
desenhista e pianista introduziu, por iniciativa própria, nas Escolas Públicas do Espírito Santo, o teatro
infantil como instrumento pedagógico de apoio à integração e à aprendizagem da
criança. Sua obra poética, esparsa pelos jornais capixabas das últimas décadas
do século XIX, foi reunida por Letícia Nassar Matos Mesquita no livro A produção literária feminina nos jornais capixabas na segunda metade
do século XIX - A revelação de
Adelina Lírio, onde estão publicados os 13 poemas da poetisa, fruto dessa pesquisa.
Yamara Vellozo Soneghet Melchiors
Yamara Vellozo Soneghet Melchiors nasceu
em Vitória, ES, em 1931. Faleceu em Brasília em 1974. Destacou-se como aluna
escrevendo no jornal Escelsior, do Colégio do Carmo, onde estudava. Estudou
pintura e prosseguiu nos estudos nessa área. Colaborou em A Gazeta e em outros
jornais e na revista Vida Capixaba, onde foi responsável pela seção infantil
“Tua página”, composta por crônicas, versos e desenhos. Foi premiada em
concursos de crônica. Dedicou-se à pesquisa folclórica e publicou, em 1962, em Cadernos
de Etnografia e Folclore, editado pela Comissão Espírito-santense do folclore
(CESPL), “Aspectos do folclore Vianense”. Integrou-se ao quadro de sócios da
Associação Espírito-santense de Imprensa.
Maria Paolielo Cavalcanti
Maria Paolielo Cavalcanti nasceu em 29 de maio
de 1901, em Vermelho Negro – Raul Soares (MG) e morreu no Rio de Janeiro em 30
de março de 1976. Funcionária pública, pertenceu ao quadro do Ministério da
Educação. Educadora, jornalista, destacou-se na prosa e na poesia. Teve poemas
e contos publicados na Revista Fon-fon, na Revista Vida Doméstica e Jornal das
Moças. Colaborou no Jornal da AEI (Associação Espírito-santense de Imprensa).
Radiofonizou contos e novelas para a Rádio Nacional. Parte de sua obra, em prosa
e poesia, foi reunida, em 1980, em uma homenagem póstuma de familiares, em Cisne Triste.
Ida Maria Vervloet
Ida Maria Vervloet nasceu em 10 e agosto de 1902, em Santa Teresa (ES) e morreu em 4 de
maio de 1990, em Vitória (ES). Estudou no Colégio Nossa Senhora das Dores, em Friburgo
(RJ). Colaborou nos jornais e revistas como O Cruzeiro,
com contos e poemas. Compôs, na juventude, peças teatrais. Ganhou prêmios em
Concurso Nacional. Publicou, em 1945, Páginas soltas e
em, 1981, O meu Mundo. Deixou inédito um acervo de poemas.
Doralice de Oliveira Neves
Doralice de Oliveira Neves, uma das sócias
fundadoras e vice-presidente da AFESL, educadora, conferencista, jornalista,
apaixonada pela História, lendas e povos indígenas brasileiros, nasceu em
Cambuci, Rio de Janeiro, em 03 de agosto de 1900. Em Vitória, Espírito Santo,
estudou na Escola Normal Maria Ortiz e se formou em professora, lecionando nos
municípios de Santa Leopoldina, Colatina e Cachoeiro de Itapemirim e sempre
contribuindo com seus escritos sobre o Estado. Deixou inédito o livro O
Espírito Santo na lenda, história e geografia. No conceito expresso sobre ela,
Agostino Lazzaro afirma: “Doralice de Oliveira Neves, mestra e lutadora nos
campos de batalha de ensino público, sabia, antes por experiência do que por
premonição, que somente o conhecimento adquirido através de uma sólida educação
pública seria capaz de transformar uma Nação.”
Orminda Escobar S. Gomes
Orminda Escobar S. Gomes, professora e poeta,
nasceu em Viana em 26 de janeiro de 1875 e morreu em Guarapari - ES, em 17
janeiro de 1974. Formou-se no Instituto Normal do Colégio Nossa Senhora da
Penha. Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, à Academia
Feminina Espírito-santense de Letras, entre outras entidades culturais. O seu
livro, constituído de sonetos, Lendas e Milagres do Espírito Santo, ganhou, em 1951,
o prêmio Cidade de Vitória. Em 1920, fundou a entidade filantrópica Associação Santo
Antônio dos Pobres do Menino Jesus. Organizou e liderou diversas campanhas em favor
dos desassistidos. Colaborou nos jornais Comercio do Espírito Santo, (fundado
em 1891) A Lira e Gazeta Literária (fundados, respectivamente, em 1897 e 1899).
Era conhecida pelo pseudônimo de Alcina Mary. Entre suas obras, estão: Reminiscências
(1951), Vultos Capixabas (1951), Episódios Históricos (1952) Vida e Obra de D.
Otávio Chagas de Miranda, Bispo de Porto Alegre (1953).
Ypoméia Braga de Oliveira
Ypoméia Braga de Oliveira nasceu em Vista
Alegre, no Estado de São Paulo, em 28 de agosto de 1886, filha de Mariana Lydia
Ferreira da Silva e Bento Egidio da Silva Braga Júnior. Educadora, atuou também
na área social, em várias cidades mineiras e espírito-santenses. Aprofundou
seus estudos literários em Juiz de Fora/ MG. Tendo transferido residência para
o Rio de Janeiro, colaborou em prosa e verso, em publicações especializadas
como Reformador, Aurora e na revista portuguesa Luz e Caridade. Em 1927,
mudou-se para Cachoeiro de Itapemirim, onde atuou como diretora do orfanato “Asilo
Deus, Cristo e Caridade”. Restabeleceu a revista Alpha, que tinha por linha
editorial a literatura educativa e doutrinária, e Folhas de Natal, Folhas
Cristãs. Publicou seus trabalhos em vários jornais e revistas do Espírito
Santo: A Gazeta, Correio do Sul, Arauto, entre outros. Em 1955, foi designada,
na Argentina, Sócia Honorária do Instituto de Cultura Americana. Exerceu o
cargo de vice-presidente da Liga Espírito-santense contra o Analfabetismo e da
Associação Espírita Beneficente e Instrutiva Jerônimo Ribeiro. É patrona da cadeira
nº 08 da Academia Feminina Espírito-santense de Letras. Faleceu em Cachoeiro de
Itapemirim em 10 de dezembro de 1958.
Ricardina Stamato da Fonseca e Castro
Ricardina Stamato da Fonseca e Castro, cuja
expressão maior foi a música, nasceu em 16 de setembro de 1898, em São Carlos
do Pinhal, SP, e morreu em 05 de abril de 1974, em Vitória, ES, onde fundou a
Escola de Música do Espírito Santo (EMES), dirigiu a Escola de Música do
Espírito Santo e deu aulas em vários colégios: Colégio do Carmo, Colégio americano,
e colégio Estadual. Estudou, em São Paulo, no Conservatório Dramático. No Rio
de Janeiro, cursou o Instituto Nacional de Música, deu concertos no auditório
da Associação dos Empregados e do Comércio do Rio de Janeiro e participou de
importantes recepções. Em 1917, recebeu a Medalha de Ouro do Instituto Nacional
de Música. Em 1969, recebeu o título de cidadã Espírito-santense, e o Centro
Musical Villa-Lobos homenageou-a dando ao auditório o seu nome.
Haydée Nicolussi
Haydée Nicolussi, poetisa, tradutora e contista, nasceu em 14 de dezembro de 1905 e morreu em dezessete de fevereiro de 1970. Natural de Alfredo Chaves, ES, transferiu-se, no início da década de 30, para o Rio de Janeiro, onde se dedicou ao jornalismo e às letras. Foi a primeira escritora capixaba a escrever e publicar poemas em versos livres, sem rimas e sem métrica. Publicou, nos jornais e revistas, poemas, contos, reportagens, crônicas, etc. No Espírito Santo, colaborou nas revistas Vida Capichaba e Canaã e, no Rio de Janeiro e São Paulo, nos jornais Diário de Notícias, O Jornal, A Noite, Diário da Noite, O Estado de São Paulo. Deixou as obras: Festa na Sombra, Canções de Torna Viagem (poesia), Contos Inverossímeis, Três recordações de Infância e Outros Contos, Os Desambientados (romance), Sol de Outras Plagas (poesia de diversos autores).
Zeny Santos
Zeny Santos, uma das fundadoras da Academia
Feminina Espírito-santense de Letras e primeira Secretária, nasceu em 10 de
outubro de 1930, em Vitória, ES, e morreu em 10 de setembro de 1986, em São
Paulo, onde promoveu um intercâmbio cultural entre paulistas e capixabas.
Jornalista, poeta e cronista, publicou os livros Cacos e Saveiro da Ilha dos
cisnes, coletânea de crônicas que foram, muitas delas, publicadas em jornais, e
Cantigas da terra, livro de poemas.
Maria Stella de Novaes
Maria
Stella de Novaes nasceu a 18 de agosto de 1894, em Campos dos Goytacazes, no
Estado do Rio de Janeiro. Estudou no Colégio Nossa Senhora da Penha, em
Cachoeiro de Itapemirim, e no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Vitória.
Fez cursos de História Natural, no Rio de Janeiro, e complementares de francês,
inglês, italiano, pintura e artes aplicadas, piano e violino. Exerceu o
magistério na Escola Normal “Pedro II” e no Ginásio do Espírito Santo até 1936,
quando se aposentou. Dedicou-se à botânica, principalmente a variedades de
orquídeas do Espírito Santo, ilustrando os seus estudos com aquarelas, desenhos
e fotografias. Publicou: Saudade! (poesias – 1977), História do Espírito Santo,
Jerônimo Monteiro: sua vida e sua obra, - Arquivo Público Estadual (1979), Lendas
capixabas (1968) É autora de mais de cinquenta publicações de temas sobre a
História do Espírito Santo, sobre biografias de espírito-santenses ilustres e
sobre o Folclore. Seu livro Um Bispo Missionário recebeu o prêmio José
Veríssimo, da Academia Brasileira de Letras, em 1952. Pertenceu ao Instituto
Histórico e Geográfico do Espírito Santo e a outras instituições culturais do
país e do estrangeiro. Morreu em 1981.
Virgínia Gasparini Tamanini
Virgínia Gasparini Tamanini, pintora, poetisa, romancista e dramaturga capixaba, nasceu em 04 de fevereiro de 1897. Autodidata, dedicou “todos os momentos de lazer ao estudo e à leitura”. Com o pseudônimo de Walkyria, publicou, de 1922 a 1923, o romance Amor sem Mácula, em capítulos semanais, no jornal O Comércio, de Santa Leopoldina. Produziu as seguintes peças teatrais, que foram levadas à cena: Em pleno século vinte, Amor de mãe, Filhos do Brasil, O primeiro amor e Onde está Jacinto? Tomou parte ativa na organização da Primeira Quinzena de Arte Capixaba, em 1947, e adaptou, encenou e dirigiu, no Teatro Carlos Gomes, a peça francesa Cristina da Suécia e, em 1948, a peça Atala, a última druidesa das Gálias. Pertenceu a entidades culturais: Associação Espírito-santense de Imprensa, Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul, Arcádia Espírito-santense, Academia Espírito-santense de Letras, cadeira nº 15, e é Patrona da cadeira nº 3, na Academia Feminina Espírito-santense de Letras. Recebeu o título de cidadã honorária de várias cidades capixabas, é nome de rua em Ibiraçu-ES e foi agraciada com a Ordem do Mérito Marechal José Pessoa, do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, no grau de comendador.
Maria Antonieta Tatagiba
Maria Antonieta Tatagiba nasceu em São Pedro
do Itabapoana, ES, foi professora, diretora de escola, poetisa, colaboradora de
jornais e revistas capixabas e de Campos- RJ, além de assumir a direção de um
jornal são-pedrense por quase um ano, do qual o marido era colaborador. Dedicou-se
intensamente à produção literária e, com a publicação de Frauta agreste, em 1927, tornou-se a primeira poeta capixaba editada
(um ano antes de ser vitimada pela tuberculose).
Judith Leão Castelo Ribeiro (1906- 1982)
Escritora, educadora, conferencista e política, nasceu
em 31 de agosto de 1906, na Serra (ES), e morreu em 23 de março de 1982, no Rio
de Janeiro (RJ). Estudou no Colégio do Carmo e foi professora por mais de
quarenta anos no Colégio São Vicente de Paula e, por dezoito anos, Catedrática
da Escola Normal Pedro II, lecionando Psicologia e Didática. Em 1947, ingressou
na Política, como Deputada Estadual, exercendo o mandato por dezesseis anos.
Colaborou com contos, crônicas, comentários históricos, relatos de vida social
e discursos em jornais, revistas e emissoras de rádio do Espírito Santo. Recebeu
várias homenagens em vida, como: a Ordem do Mérito Jerônimo Monteiro, no Grau
de Comendador, e, após à morte, com nome de Avenida, em Jardim Camburi, entre outras
homenagens.. Foi a primeira mulher a entrar na Academia de Letras do Espírito Santo
e foi sócia fundadora da Academia Feminina Espírito–santense de Letras.
Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e à Associação
Espírito-santense de Imprensa. Publicou: A Educação e o Ensino Interessante, Tipografia
Gentil Presença e Recompensa.
terça-feira, 18 de setembro de 2018
A mulher escritora e as Academias de Letras (Ester Abreu Vieira de Oliveira)
Toda arte é objeto de convenções e a figura feminina nas artes, em geral, foi e é ainda vista como menos importante no espaço cultural e da literatura. Musa, mãe, esposa sem contacto com o ambiente externo ao lar se viu impossibilitada de ser reconhecida como possuidora de pensamentos que condizem com as proposta socioculturais da sociedade ocidental (parte do mundo que participamos)
No século XX, no Brasil, o leque de escritoras de renome foi ampliado e são destaques as escritoras Clarice Lispector, Cecília Meireles, Gilka Machado, Adélia Prado, Ana Cristina César, Marly de Oliveira, Olga Savary, Lygia Fagundes Telles, Lya Lulf, Marina Colassanti, Hilda Hilst, Nélida Pinõn, Cora Coralina, Stella Leonardo, entre outras. No ES citamos: Maria Stella de Novaes, Maria Antonieta Tatagiba, Haydée Nicolussi, Lidia Besouchet, Ilza Dessaune, Judith Leão, Virgínia Tamanini, entre outras.
No Brasil a marginalidade da escritura literária feita por mulheres imposta por uma sociedade machista não difere muito do que acontece no resto do mundo.
Vejamos: no final do sec. XIX surgem no campo literário os nomes das escritoras como Nísia Floresta (1810-1885), principal símbolo do movimento feminista brasileiro, e Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), a primeira mulher a destacar-se na produção literária com contos, romances e teatro, mas não foi admitida na Academia Brasileira de Letras. Acontecimento que só ocorrerá no século XX, em 1977, com a romancista e jornalista Rachel de Queiroz (1910-2003), que deixou uma grande produção de romances, crônicas, textos teatrais e infanto-juvenis. O último romance de Rachel é de 2004, Memorial de Maria Moura. Seu ingresso na ALB foi antes de Marguerite Yorcenar, a primeira mulher a entrar na Academia Francesa, em 1980, fundada em 1635 por Richlieu, Na AF 8 mulheres foram eleitas e, hoje, 5 dela fazem parte. A RAE (Real Academia Espanhola é de 1713, teve em 1784 a admissão como acadêmica honorária a cubana Gertúrdez Gomez de Avellaneda, mas até o princípio do século XX a proibição de aceitar mulheres perdurou. Só em 1978, depois de muitas rejeições de mulheres, 300 anos após a sua fundação, foi admitida Carmen Conde, e, em 2015, Clara Janés. Mas, depois da admissão de Rachel de Queiroz, e no quadro da ABL, já constam 10 escritoras, pois depois dela foram admitidas: Dinah de Silveira de Queiroz (1980), Lygia Fagundes Telles (1985), Nélida Piñon, 1986, Zélia Gattai (2001) e Ana Maria Machado (2003) e Cleonice Seroa da Motta Berendinelli (2010).
Francisco Aurélio Ribeiro em A Mulher na Academia: Histórico e Desafios, faz um estudo da mulher nas Academias de Letras no Brasil e declara que, em1913, fundada a Academia de Letras do Pará, entre os vinte membros fundadores estava a jovem jornalista capixaba Guilhermina Tesch Furtado (ou Guilly F. Bandeira), nascida em Vitória, em 1890 e, também, a pioneira escritora capixaba a editar um livro.
Em 1921 foi fundada a Academia Espírito-santense de Letras, mas não foi cogitado nenhum nome feminino como membro, sequer como patrono. Seus membros eram periodistas, juristas e políticos. Nas primeiras 20 Cadeiras, do início de sua fundação, eram os patronos somente homens. Em 1939, aumentou-se o número para 30. Nas dez Cadeiras acrescentadas nessa época foi designada patrona da Cadeira 32 Maria Antonieta Tatagiba. Em 1981 houve a entrada da primeira mulher Judith Leão Castello Ribeiro, a seguir em 1985, Neida Lúcia de Mores, em 1986 Virgínia Tamanini, em 1990 Ana Bernardes da Silveira Rocha, em 1996/1, Ester Abreu Vieira de Oliveira, em 1996/2 Maria Helena Teixeira de Siqueira; em 1997, Magda Regina Lugon, em 1997, Maria das Graças Neves, em 1999, Maria Beatriz Abaurre, em 2008, Josina (Jô) Drummond; em 2010 Wanda Alchimin e 2016, Bernadette Lyra.
Na primeira metade do século XX, era escasso o destaque das publicações das mulheres e, na década de 40, precisamente em 18 de julho de 1949, começou o movimento oficial para a criação de uma academia feminina, fato que ocorreu em 18 de agosto de 1949. Encabeçavam esse movimento Maria Stella Novaes, Judith Leão Castello, Annete Castro e Arlete Cypreste, com o apoio de alguns acadêmicos da Academia Espírito–santense de Letras.
Criada a AFESL, houve, a princípio, um movimento de expansão e depois um período de inatividade, até que, em 1992, houve um forte impulso, com a presidência de Maria das Graças Neves. Aumentaram-se as Cadeiras, sendo todas ocupadas por mulheres notáveis na política, educação e literatura. Foi criado o signo com a deusa Clio, a deusa da poesia. A alegoria foi pintada por uma artista conhecida pela presidente na época e aprovada pelas acadêmicas. O emblema escolhido foi retirado de um verso da Arte Poética, de Horário: UBI PLURA NITENT (Lá onde brilham muitas estrelas). Hoje a AFESL é composta por membros que ocupam 40 Cadeiras, com mulheres notáveis como patronas, e contém 21 acadêmicas correspondentes.
Discurso de Boas Vindas à Prof.ª Dr,ª Ester Abreu, proferido pelo prof.º Dr.º Santinho Ferreira, na Cerimônia de concessão do título de Professora Emérita, pela UFES
Magnífico Reitor e Presidente do Conselho Univeresitário, Professor
Dr. REINALDO CENTODUCATTE
Excelentíssima Vice-Reitora, Profª Drª ETHEL LEONOR NOIA MACIEL
Ilustríssima Presidente do Conselho de Curadores, Profª Drª SÔNIA
MARIA COSTA BARRETO
Ilustríssimos componentes do Conselho Universitário, Autoridades
acadêmicas, Autoridades administrativas, professores, estudantes, familiares e
convidados
Em especial, Ilustríssima Senhora Professora Drª Ester Abreu Vieira de
Oliveira.
Divido com os
presentes esta nota preliminar: esta história é resultado de escrita em quatro
mãos. Meus agradecimentos a Mirtis Caser, a Jorge Nascimento e a Paulo Sodré,
que continuam a expressar comigo a expectativa e o agradecimento pela concessão
do título de Professor Emérito a Ester Abreu Vieira de Oliveira.
E o que a caracteriza e institui como mulher de destaque é senão
agradecimento em cada gesto que acolhe e em cada olhar de oferta, movimentos de
determinação e coragem, de entusiasmo e vigor.
Nesse movimento, celebra e agradece, conjugando a decisão do que está
expresso como ponto de encontro entre o título honorífico de Professora Emérita
e o que se revela de sua história, com começo em Muqui, aos 31 de janeiro de
1933, filha de Ataulfo Vieira de Almeida e Maria da Penha Abreu Vieira.
Graduou-se em Letras Neolatinas em 1960 nesta Universidade e obteve
pós- -doutorado em Filologia Espanhola: Teatro Contemporâneo
na UNED – Espanha – em 2003. Professora nesta universidade, com vínculo em
1965, continua a bater com o rigor da forja seu compromisso com a educação, por
estar em exercício pleno e voluntário junto ao Programa de Pós-Graduação em
Letras, por ser membro da Academia Espírito-Santense de Letras, compor a
Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, fazer parte do Instituto
Geográfico do Espírito Santo, da Associação Brasileira de Hispanista e da
Associação Internacional de Hispanista.
Falar com e sobre Ester de Oliveira é pensar em muitos anos de dedicação
às hispanidades, à literatura, à educação, é olhar e ver trajetória de
capacidade de trabalho e de argúcia intelectual. Essas categorias, no entanto,
não excluem a candura de quem sabe muito e possui generosidade. É
também sentir da poesia fina que lhe emana, parte da erudição dissolvida na
expressão popular e oferecida em qualquer parte do mundo onde esteja. No
curso dessa história, Dom Quixote nos conduz:
Entre os pecados que os homens cometem, ainda que afirmam alguns que o
maior de todos é a soberba, sustento eu que é a ingratidão, baseando-me no que
se costuma dizer, que de mal agradecidos está o inferno cheio. Sempre procurei
evitar esse pecado, tanto quanto me tem sido possível, desde que tive uso de
razão, e se não posso pagar as boas obras que me fazem, com outras, ponho em
seu lugar o desejo de as fazer; e quando isso não basta, publico-as, porque aquele
que publica os favores que recebe, também os recompensaria com outros, se
pudesse.
Conviver com Ester de Oliveira nos faz pensar também e especialmente em
dois versos do poeta português José Gomes Ferreira: “Porque não nasci no mundo
/ que trago em mim?”. O poeta pergunta, para responder com a defesa
entusiasmada da consagração de uma primavera de justiça entre os homens, de que
nós hoje precisamos tanto, vivendo a crescente tormenta da intolerância, do
desrespeito e do cinismo.
Uma possibilidade de resposta de Ester de Oliveira é o que percebemos no
que faz: sua atitude terna e sua ação decidida explicam que não nascemos no
mundo que trazemos em nós, porque nenhum mundo sozinho é capaz de alguma coisa
que valha efetivamente a pena e a vida. Cada ideia, cada projeto, cada
realização de Ester de Oliveira requerem que sejamos mais que nós mesmos, que
estejamos com outros, para que o mundo revele seu sentido diverso, plural,
mutante, e saibamos de todos e percebamos que um parâmetro é muito pouco para a
engrenagem maravilhosamente multifacetada do universo. Num calidoscópio em que
figuram tantos valores, modelos, crenças, lógicas, num leque de inteligências e
afetos em que tantos pensamentos e sentimentos procuram descortinar,
prescrever, definir e separar formas diversas de se conhecer e passar pelo
mundo, é necessário cuidado para não fazermos de nosso mundo próprio um
arrogante e excludente paradigma.
Ester de Oliveira sempre procurou demonstrar que é preciso perceber,
como professora e professor de língua e literatura e como cidadão e cidadã de
um mundo tão contraditório, que diante das diversas e inumeráveis caligrafias
que contornam o entendimento do mundo, não podemos nos escusar de nos orientar
e sugerir às pessoas que se sensibilizem com a composição necessariamente
plural de uma máquina do mundo ainda longe de ser compreendida e devidamente
considerada. Esse é o desenho, e esse é o canto de Ester de Oliveira.
Entre as inúmeras qualidades da homenageada, destaca-se a sua
generosidade intelectual. Ester de Oliveira tem sempre uma palavra, um título,
uma ideia, um texto para todos os que buscam sua orientação, e, quanto mais
divide, tantas e quantas alternativas lhe surgem.
Essa disponibilidade se traduz ainda na sua participação da colega nas
diferentes esferas: os eventos acadêmicos, sociais, religiosos e familiares
fazem parte de seu cotidiano, o que, associado à sua fantástica memória, faz de
Ester de Oliveira uma mulher que está em dia com os acontecimentos. Este
momento, portanto, é de celebração, porque prestar esta homenagem a Ester Abreu
Vieira de Oliveira é ação singular, e receber o título de Professora Emérita é
ato de honraria.
Ao Conselho Universitário e ao Reitor Professor Dr. Reinado Centoducatte
nossos cumprimentos.
Aos 12 de setembro de
Santinho Ferreira de
Souza
Maria Mirtis Caser
Jorge do Nascimento
Paulo Roberto Sodré
segunda-feira, 10 de setembro de 2018
Saudação aos convidados da Cerimônia de 69 anos da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras por Ailse Therezinha Cypreste Romanelli
Exma. Sra Presidente da Academia Feminina Espírito-santense de Letras e
demais
componentes da mesa,
Autoridades presentes,
Senhoras, Senhores,
Confreiras e confrades,
É com imenso prazer que recebemos vocês
para esta comemoração do sexagésimo nono aniversário da nossa menina. Menina,
sim, porque por aí a fora sabemos de várias Academias centenárias. Mas a gente
chega lá. Não será apenas uma festa de aniversário. À importância da data
cresce de significado porque teremos também a apresentação da Diretoria eleita
para o biênio 2018/2020 e a concessão da medalha Cora Coralina, insígnia
conferida àqueles que tenham contribuído para o
desenvolvimento cultural capixaba.
Nossa Academia, por ser uma Academia
Feminina, ainda desperta curiosidade. “Por que?” Nossa história já é
bem conhecida, mas não custa contá-la mais uma vez. Estamos aqui por conta de
um sonho e muito da ousadia de uma capixaba, Judith Leão Castelo.
Judith nasceu na Serra, concluiu o
curso de magistério tornando-se professora de sucesso. Preocupada com a
Educação, sempre escrevia muitos artigos publicados pela imprensa local. Um dia
resolveu entrar na política e foi a primeira mulher capixaba a ser eleita para
um cargo público, como deputada estadual. Um despautério nos anos quarenta...
Cumpriu quatro legislaturas sucessivas. Porém, quando se candidatou a uma
cadeira na Academia de Letras, não foi aceita. Simplesmente porque, na época,
as Academias ainda eram exclusivamente masculinas. Ah, é assim?!! Pois teremos
uma Academia Feminina. E aqui estamos nós.
Mas também já ouvi a observação: “Agora
que as mulheres já podem entrar, porque vocês não juntaram as duas
associações?” Vemos então que ainda não somos levadas a sério. Nosso
trabalho intelectual parece coisa menor; se juntássemos os dois grupos,
“formaríamos um grupo mais forte, com maior visibilidade, talvez.” O
interessante é que quem me fez esta observação, quase imediatamente percebeu
seu real sentido. E logo corrigiu a fala, dando-me os parabéns pela nossa
determinação, persistência e segurança na defesa de nossos ideais.
Meu interlocutor
insiste: “Mas o que é que vocês fazem numa Academia de Letras além
de tomar chá com rosquinhas?”
Em primeiro lugar rosquinhas não
são, propriamente, uma tradição nossa. Na realidade as academias, enquanto
centros de estudo, surgiram com os gregos. Sócrates reunia-se na entrada de um
ginásio e ali debatia questões filosóficas como o bem, a virtude, ou a origem
do conhecimento. Eram grupos masculinos, porque mulheres não frequentavam os
ginásios. Como não estava ligado aos deuses, Sócrates foi acusado de heresia e
condenado à morte. Platão, seu discípulo, para não ter a mesma sorte do mestre,
sabiamente, fazia suas reuniões nos jardins de Academus, antigo
herói grego. No local, em meio às oliveiras sagradas, havia um templo dedicado
à Atena estando todos, portanto, ao abrigo e sob a proteção dos deuses. Daí a palavra
Academia para designar grupos de estudo, de debates, de pesquisa, de Ciências,
de Letras ou Artes, dos quais mulheres nunca participavam; além de outros
preconceitos, acreditava-se que mulheres não tinham capacidade de
pensar.
Lá pelo séc. XVII quando o
espírito científico começou sua escalada, os avanços eram extremamente lentos;
os interessados em debater a Ciência, as Letras ou as Artes não
tinham como saber se havia outras pessoas pesquisando na mesma área ou em áreas
relacionadas, e antes que soubessem, muito tempo já havia se passado, muita
informação já havia sido perdida. A organização em sociedades científicas ou
academias de ciência deu impulso à pesquisa, facilitou
as descobertas levou às invenções.
Esse interesse pela Ciência acabou
impregnando a literatura, levando para a poesia e a prosa preocupações típicas
do cientista, o rigor, a busca da ordem, da precisão, da clareza, da correção
na linguagem. A Sociedade Real de Londres, respeitável senhora nos
seus quatrocentos ano exigia de seus membros ”modo de falar estrito, simples e
natural, (... ) emprestando a todas as matérias a mesma clareza da Matemática”.
Tal cuidado com a precisão e correção da linguagem permanece, ainda
hoje, como um dos requisitos das Academias em geral. Assim, o exame
do currículo de qualquer aspirante a imortal utiliza
esse crivo.
Por que estou me reportando às origens?
Principalmente, para mostrar que a atividade intelectual, durante muitos e
muitos e muitos anos, foi uma atividade exclusivamente masculina.
Até Jesus, coitado, foi acusado de desobediência grave pelos sacerdotes do
Templo, porque aceitou que mulheres fizessem parte de seu grupo.
Aqui no Brasil, quando os índios
manifestaram o desejo de que suas mulheres frequentassem a escola, o
Padre Nóbrega pediu permissão à Corte causando grande rebuliço e escândalo dada
a “petulância das bugras”. Até há pouco, nos tempos do Império, era
proibido às escolas matricular mulheres e escravos. Fundar uma Academia
Feminina, em 1949, não deixa de ser um acontecimento. Na sua
época, foi. Fazer literatura é um exercício de sensibilidade.
Cada um de nós carrega consigo um mundo de experiências, suas conquistas,
alegrias e dores, passado e presente, um olhar pessoal sobre a vida, acervo
precioso a ser compartilhado. Mas também fazemos Ciência. Temos historiadoras,
ambientalistas e artistas. Além do chá, que não é com rosquinhas, reunimos ideias
e ideais, escrevemos, discutimos, publicamos; realizamos oficinas, recebemos
palestrantes; temos muito trabalho administrativo, registrando e documentando
nossas atividades. Não renunciamos aos nossos sonhos; seguimos repartindo
sentimentos, conhecimento e emoções. Até nos atrevemos a outras incursões, como
a Feira Literária que já está indo para a uma nova edição. Só não conseguimos
ainda ter uma sede.
Continuamos na estrada, com muita
determinação e entusiasmo. Estejam conosco; sejam bem vindos. Vamos
comemorar.
Vitória, 30 de agosto de 2018
Ailse Therezinha Cypreste
Romanelli
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